segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Mar do Norte





Mar do Norte realizado por João Gusmão

Uma curta-metragem do jovem realizador João Gusmão passada em antestreia na Cinemateca no passado dia 27 de Novembro.

Filme absurda e propositadamente mudo, apesar da música e uma ou outra palavra, com uma história linear, mas sem sentido evidente, da última etapa de um percurso para a morte.

Descuidado ao nível do tema, do enredo, da técnica e da forma. Não nos transmite nada que não seja uma vaga magoa por ser o nosso dinheiro a ser gasto desta maneira.


Realização -João Gusmão
Actores -António Pedroso, Sara Leite
Portugal, 2015 –14 min



sábado, 14 de novembro de 2015

Le Dix-Septième Parallèle



Le Dix-Septième Parallèle realizado por Jordis Ivens e Marceline Loridan

Uma pequena aldeia vietnamita situada na chamada zona desmilitarizada que dividiu o Norte livre e o Sul ainda sob controlo americano vive sobre permanente sobressalto, bombardeada constantemente pelas fortalezas voadoras, atingida pelos obuses disparados dos couraçados estacionados ao largo e atacada por pára-quedistas e fuzileiros que tentam ocupar esta estreita faixa pela força.

O quotidiano de quem vive neste inferno é-nos mostrado neste documentário de Jordis Ivens o grande realizador holandês comprometido com as lutas dos povos.

Os abrigos subterrâneos, o persistente cultivo do arroz, a organização de milícias de auto-defesa, as escolas improvisadas, mostram um povo determinado a manter a sua independência mesmo pagando por ela um alto preço em vidas. Imagens terríveis de filas de crianças mortas pelos ataques aéreos, de campos arrasados, de casas em chamas, um ruído sempre presente de bombas a cair, a explodir, a querer impor-se como normalidade anormal, este filme revela-nos também a esperança de quem resiste sabendo que vai vencer.

Um filme realizado sob terríveis condições, numa frente de batalha fortemente flagelada pelo fogo americano, requer nervos de aço e grande determinação. Era o que tinha, a par de um grande talento, Jordis Ivens.

Para quem quiser saber mais sobre a vida e a obra de Jordis Ivens impõe-se a visita ao site da Fundação Jordis Ivens em


sábado, 7 de novembro de 2015

Babor Casanova



Babor Casanova realizado por Karim Sayad

Babor Casanova foi o grande vencedor do Prémio SPA do Juri da Competição Internacional do Doc Lisboa 2015 num desafio que este ano foi particularmente intenso, dado o elevado número de filmes a concurso.

Jovens citadinos desempregados, arrumam carros, torcem pelo seu clube de futebol favorito e sonham com a emigração. Poderia ser em Lisboa, é em Argel.

Um filme que nos interpela e que nos ajuda a perceber o mundo em que vivemos

Realizador
Karim Sayad
Produtor
Joëlle Bertossa



Il Solengo



Il Solengo" de Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis

Recentemente eleito Melhor Filme (Prémio Cidade de Lisboa) da Competição Internacional do DOC Lisboa deste ano, Il Solengo (O Solitário) é um documentário sobre a vida de um homem, o Mário de Marcela que viveu parte da sua vida num bosque, dormindo em grutas, lavando-se no ribeiro que por aí corre, alimentando-se do que a natureza lhe podia oferecer.

As lendas e os medos que o seu comportamento gerou, os rumores e a opinião dos habitantes da aldeia de onde Mário era originário e que ao longo dos anos o seguiram, o ajudaram ou simplesmente temiam o seu mau feitio.

E como acabou Mário? A pergunta a que só no final temos uma resposta algo surpreendente.

Realizadores
Alessio Rigo de Righi e Matteo Zoppis
Fotografia
Simone D’Arcangelo
Line Producer
Massimiliano Navarra
Productor
Tommaso Bertani



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

L'Ordre



L’Ordre realizado por Jean-Daniel Pollet

A pequena ilha, Spinalonga hoje redenominada Calidão, localizada ao largo de Creta foi transformada pelo Estado Grego no inicio do século XX numa colónia onde eram internados à força os leprosos.

O documentário, de 1974, retrata e reflecte, através do testemunho de um dos seus últimos habitantes, sobre a doença, a errada rejeição social a que foi associada e o consequente e irracional ostracismo a que foram sujeitos os leprosos que levou a que muitos, depois de libertos da leprosaria, fossem expulsos das suas aldeias e tivessem que se ir internar “voluntariamente” num hospital ainda mais sufocante que a colónia de Spinalonga onde apesar de tudo cada um tinha a sua casa, família e actividade.

As imagens obsessivamente repetidas, os becos a que nos conduzem, os muros e o mar, o isolamento, os portões com cancelas, transmitem o drama destes homens e mulheres que durante tanto tempo sonharam com a liberdade para descobrir que esta era impossível, e que como diria Sartre “o inferno são os outros”, com os seus preconceitos supersticiosos, os seus medos infundados e os seus julgamentos injustos.

Recebeu o prémio da crítica do festival de cinema de Grenoble em 1975.

Estrelas: 3